Pense, Fale, Exponha-se. Permita-se o prazer de ser autêntico.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Recomeço.


Enfim, o telefone tocou. Há semanas esperava aquela ligação, uma voz firme se pôs do outro lado.


- Após a seleção de currículo, a dinâmica de grupo e a entrevista, concluimos que você não faz o perfil da empresa.

Assim, direto ao assunto. Ela engoliu em seco, agradeceu e desligou. Mais um fracasso, mais um plano que ruía. Mas tudo bem, tudo certo. Quando se tratava de planejar, recomeçar e ter um plano B, ela nunca fracassava. Vestiu seu terninho preto com uma blusa social branca, uma calça jeans azul-escura, um sapato elegante e discreto e pôs-se a procurar outro emprego. Ela podia não ser a mais indicada ao cargo, ou a mais bonita, ou a mais elegante, mas sem dúvidas, em recomeços, era a melhor.

Afinal quem se importa com o destino, quando o que realmente importa é a caminhada?


(SB; 8:13)

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Delírios Insanos.

Reviro-me na cama, acordo assustada. Pesadelo. Aranhas por todo o meu corpo, minha maior fobia. Era capaz de sentir suas patas negras e peludas caminhando sobre a minha barriga, meu pescoço, minhas coxas. Uma se aproxima de minha boca. É quando eu acordo ofegante. Com a movimentação, você acorda também, olha-me intrigado e pergunta o que houve. Pesadelo, eu digo.

Então você me abraça, acaricia meus cabelos e diz que está tudo bem, que você está ali comigo - clichê, mas verdadeiro - e que nada de ruim irá acontecer. Aconchego-me em seu peito, sinto sua ritmada respiração e as batidas do músculo que você me deu. "eternamente seu", como muitas vezes você repetiu. Sinto seu cheiro, não há nada em minha mente além de você. Esqueço-me do pesadelo, das aranhas, do mundo.

Nada mais importa.

(SB; 00:17)

Declaração.

"Você é um poema em andamento, um soneto tão perfeito que nem Shakespeare seria capaz de compôr. Cada centímetro em você é perfeito, Deus é realmente um artista. Eu preciso agradecer à sua mãe por tê-la trazido ao mundo."


(SB; 23:52)

segunda-feira, 21 de junho de 2010

ser, estar.

- NOSSA festa? Nossa quem? Você não é mais bem vida aqui.

Aquelas palavras a atingiram como uma lança. Ela realmente pensava que ela era querida por ali. Sua estupidez estava estampada em mais uma página da sua vida, vida essa inteiramente baseada em atos de estupidez. Sua biografia deveria ter como subtítulo "manual de como agir de forma estúpida em todos os casos", afinal, ela conseguia isso em 95% do tempo.

Estúpida ou não, ela merecia estar onde se sentisse bem, onde a quisessem bem.

Sorriu e bateu a porta ao sair.

sábado, 12 de junho de 2010

12 de junho.

Recebi pelo correio um embrulho quadrado, pequeno e envolto num papel dourado. Abri-o. Chocolates e uma pequena caixinha de veludo vermelha, contendo um solitário de prata. Só então me lembrei que era dia dos namorados. O presente não tinha remetente, apenas um cartão com um número de telefone. Liguei, do outro lado da linha estava Gabriel. Eu devo reconhecer que já sabia que ele gostava de mim, só nunca achei que ele fosse tomarm coragem e se declarar.

- Clara, eu gosto de você. Sei que a gente não se conhece muito bem, mas desde aquele dia que a gente se conheceu na secretaria, não consigo deixar de pensar em você. Não quero que esse seja mais um amor platônico, porque eu realmente acho que amo você, e tudo que eu faço é pensar em você.

- Gabriel, você sabe que só pq você gosta de alguém não significa que essa pessoa retribua, não sabe?

Ele emudeceu-se por alguns instantes, e quebrou o silêncio com uma pergunta que me obrigou a ser sincera, talvez até cruel.

- Quando olha para mim, o que você vê?

- Um garoto inacreditável, educado, inteligente, focado, esforçado, bem-sucedido e que não possui vício algum. Seu rosto é esplêndido, seu sorriso é um dos mais bonitos e seu corpo é escultural. Você é o menino perfeito, o namorado que toda garota gostaria de ter. Mas isso não significa que eu ame você.

Duros instantes de silêncios se seguiram à essa última frase, que me fizeram pensar que havia sido dura demais, mas ele precisava entender que eu não nos via juntos. No fundo, acreditava que ele era bom demais pra mim. Então, mais uma vez ele quebrou o silêncio, mas dessa vez, tudo o que disse foi "ok, pode ficar com o anel" e desligou.

Não menti quando disse que não o amava, na verdade, acho que nunca poderia, nos faltava aquela coisa mágica. Infelizmente, é isso que faz o amor acontecer, e não a qualidade que as pessoas têm, e enquanto essa empatia não acontecesse com alguém, eu iria continuar passando o dia dos namorados sozinha.

domingo, 6 de junho de 2010

dolorosamente nostálgico.

Ela abriu sua caixinha de jóias e pegou um pequeno brinco de uma flor branca com pedrinhas, simples e discreto o suficiente pra passar despercebido à maioria das pessoas. Segurou o brinco com delicadeza, olhou-o por um tempo e um sentimento nostálgico encorporou todo o seu ser. Aquele brinco, aquela simples tulipa branca havia estado em sua orelha no primeiro dia dos mais felizes de sua vida. Uma lembrança tornou-se nítida em sua mente.

Outubro de 2008, ele a beijou, brincou com seu cabelo, mecheu naquele mesmo brinco - agora em suas mãos - e disse:
- Você tava com esse brinco quando a gente se beijou pela primeira vez.
Ela sorriu, nem ela se lembrava desse detalhe tão pequeno. Detalhes, pequenos detalhes que ele sempre reparava, sempre comentava e jamais esquecia.

Sentiu seu coração apertar. DROGA! 2 anos haviam se passado, e ela ainda sentia sua falta. Ele havia sido marcante pra ela, ao contrário de todos os outros namorados. Ele a fazia se sentir querida, todas as vezes que ela ia encontrá-lo, ainda sentia aquele friozinho na barriga de primeiro encontro. Ela amava o jeito que ele a abraçava. Ninguém jamais a abraçou igual. E jamais iria. Sua cabeça se encaixava perfeitamente embaixo do queixo dele; ele a abraçava forte, como se quisesse fazê-la grudar nele pra sempre. Era envolvente, protetor. Era bom, ÚNICO, ela se atrevia a pensar.

Até hoje, ela ainda não entendia como haviam sido tão idiotas por terminarem o namoro por causa de uma briga tão boba e mais bobos ainda por deixar que o orgulho impredisse que voltassem. Maldito orgulho. Ela não gostava de se lembrar o porquê deles nunca terem voltado, sabia que tinha grande culpa nisso. Afinal, iniciar um namoro duas semana depois com o garoto que ele mais odiava, não havia ajudado muito. Ela não sabe muito bem por que fez isso até hoje, talvez pra causar ciúme, talvez pra mostrar que não precisava dele. Fosse o que fosse, não valeu a pena.

Março de 2009, eles se encontram na rua, por acaso. Ele estava lisonjeado, a olhava com cara de apaixonado, como se quisesse registrar cada detalhe da sua aparência.
- Nossa, você tá realmente muito bonita. Sempre mais bonita.
Ela conseguia sentir a dor em sua voz, ele não parecia sentir-se feliz com aquela situação... Mentalmente, ele dizia a si mesmo: "e eu te perdi."
Ela agradeceu, disse um "tchau" sem graça, e ele voltou pra lhe cobrar feliz aniversário (que havia sido mês passado). Ela o abraçou, deu dois beijinhos, e o ouviu dizer que "sentiu falta do seu cheiro".
- Você só voltou pra me dar beijinho! Ela riu, sabia que era verdade. Ele riu, sabia que não adiantava negar.
Se despediram de novo, se beijaram mais uma vez e se olharam com ar de nostalgia.

Setembro de 2009, eles se encontram no msn. ela tenta se reaproximar, mesmo que pra uma amizade. Sente sua falta. Ele recai e não consegue evitá-la como o usual. A tratou como nos velhos tempos, a chamou de amor, pediu que ela ligasse a web cam e disse coisas que costumava dizer quando namroavam. Ela sempre seria a mulher da sua vida. Disse que que daria tudo pra que as coisas não tivessem terminado; mais ainda, disse que terminaria com a atual namorada por ela, era só ela pedir. É ÓBVIO que ela queria que ele terminasse, aparecesse na casa dela e dissesse "quero você na minha vida de novo". Mas ela não tinha o direito de pedir. No fundo ela tinha medo de estragar tudo, de estragar as boas lembranças que tiveram. Eles eram compatíveis. O simples gesto de segurar sua mão era diferente... Ele segurava de um jeito que parecia que ele não queria soltar nunca, e ele parecia orgulhoso de estar do seu lado.
- Essa é a minha garota.
Ele sempre dizia, embora não precisasse, ela conseguia ver. A empatia era... única.

Lembrou-se daquela sexta-feira chuvosa do final de setembro na qual se conheceram. Ninguém esperava que chovesse naquele dia, mas a chuva foi torrencial. Qualquer detalhe mínimo a teria feito não conhecê-lo. Destino; isso simplesmente tinha que acontecer. Cortou a lembrança ao meio, muita nostalgia pra um dia só. Guardou o brinco na velha caixinha de jóias, trocou-o por um outro, dourado de formas geométricas triangulares. Seu celular tocou, seu par a esperava na calçada. Pôs seu perfume, bateu a porta ao sair.

Não importa o quão único ele tenha sido em sua vida, ele não fazia mais parte dela agora, embora sempre fosse estar em suas lembranças. Agora, ela pertencia a outro. Mas não seu coração, ela o havia dado pra ele, e jamais o teria de volta.

terça-feira, 1 de junho de 2010

amor est vitae essencia.

Ela virou o rosto ao ver mais uma vitrine de dia dos namorados. DROGA, ela pensou. Maldito mês de junho, que por ela, devia ser abatido do calendário ocidental. Esse já era o segundo dia dos namorados sozinha depois do seu namoro com Luis. Olhou acidentalmente para mais uma vitrine, um casaco ocre a fez recordar do casaco de 173 reais que comprara para ele no primeiro (e último) dia dos namorados que tiveram.

Nossa, ela realmente havia sido uma tola todos esses anos, acreditando que o amor é necessário, bom, paciente e, mais ainda, "a essência da vida". Todo essa brincadeira de eternidade não passava de desperdício de tempo, dinheiro e sentimentos. Engoliu seco. Ela sentia saudade de se sentir amada e sentir-se amando. Olhou pra vitrine mais uma vez, dessa vez, de próposito. Um vestido vermelho lhe chamou atenção. Simples, mas sexy.

Experimentou, gostou, resolveu comprar. Preço amargo, 265 reais. Levou assim mesmo, afinal, se seu ex namorado merecera um casaco de 173, ela merecia um vestido de 265. Olhou pra vitrine ao sair da loja, apreciando a peça que acabara de comprar vestida no manequim. Vermelho era sua cor, ela sabia. Ela ficaria linda naquele vestido, mas lembrou-se de não ter pra quem se arrumar. Sacudiu a cabeça, balançou os cabelos e concluiu tardiamente que ela não precisa se arrumar pra ninguém, ela só precisava se arrumar pra si própria. Amor est vitae essencia. Que tal um pouco de amor-próprio pra variar?