Pense, Fale, Exponha-se. Permita-se o prazer de ser autêntico.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

rejeição.

Essa noite ela iria se livrar da jaula que o namoro deles era pra ela. Iria dizê-lo tudo o que sentia, jogar na cara que ele a tratava como uma prisioneira. Mas seria surpreendida por ele, que terminaria com ela antes. Seu doce e frágil coração feminino se torceria, não por tudo ter terminado, e sim pelo sentimento de rejeição. "Ser rejeitado" é doloroso, não importa por quem ou por quê.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Remetente.

Hoje recebi aquela carta que achamos que o correio havia perdido. A primeira (e última) carta que você me mandou. Nunca achei que eles a fossem encontrar e a entregá-la à mim. Por semanas eu a esperei, e agora, que ela estava em minhas mãos eu simplesmente não conseguia sequer abrí-la, sabendo que tudo entre nós estava acabado.

Estou fitando-a por 20 minutos, apenas olhando a falta de remetente. Como se eu precisasse disso pra saber que era a sua carta. Aquela carta.

Não sei se aguento ler algo que você me escreveu enquanto tudo ainda estava bem. Esse sentimento ainda está tão vívido, tão doloroso, não quero abrir a ferida um pouco mais. Mas eu preciso abrir, aproveitar o pouco de você que eu ainda tenho comigo. A vida mudou, e por mais que eu me acostume com a sua ausência, a verdade é que eu sempre vou sentir sua falta.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

The closest to heaven that i'll never be.

Ele segurou sua mão e ela lhe sorriu mais uma vez, ambos não faziam ideia de que em 4 meses tudo estaria arruinado. Ali, de mãos dadas, ela não se imaginaria sozinha em seu quarto chorando todos os dias antes de dormir. Não importava o quanto eles tentassem, teria um fim, e como todo bom relacionamento, ele seria trágico. Dentro de 4 meses ele estaria sentada em uma calçada fria lembrando de tudo que viveram juntos. E tudo que eles iriam querer era voltar pr'aquele pequeno pedacinho de céu onde haviam vivido 4 meses atrás.

E naquele momento nada mais importaria.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Setembro.

- Feliz setembro!

Ela me sorriu e fez com que setembro ficasse ainda mais especial. Eu a havia confessado - em alguma das nossas primeiras conversas três anos atrás - que setembro era meu mês favorito, e ela nunca tinha esquecido desde então. Todo início de setembro, ela me abraçava e desejava "Feliz setembro", um mês que sempre fora especial pra mim. Eu nunca consegui vê-lo da forma que eu via os outros 11, ele era mais, era o auge de um ciclo que todo ano teimava em recomeçar. Outono, inverno, primavera. O despertar das flores trazia consigo uma renovação de coragem e força em mim. Eu sentia como se cada pequena flor que desabrochasse fosse uma nova ideia que me surgisse pra mim, que se mostrasse como quem diz: "olha pra mim, me preparei o ano todo para que você admirasse minha beleza". Setembro também era o mês de meu aniversário.

Mas além de tudo, o que o faz tão especial foi tê-la vislumbrado pela primeira vez na manhã do dia 27. Isabel não sabia que eu a tinha visto pela primeira vez em setembro parada no ponto de ônibus. Para ela, a primeira vez que eu a vi foi num dos bares perto da faculdade - no início de outubro. Três anos atrás. Ela não sabe que eu a amo, não da forma que eu o sinto. Para ela somos simples amigos, e nada mais. Não quero arriscar assustá-la e afastá-la de mim por causa desse sentimento doentio. É por isso que eu apenas a abraço de volta e sussuro "Feliz setembro".

Porque esse mês... esse mês é nosso aniversário.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Você.


Hoje tirei do armário aquele velho casaco que você tanto gostava, e adivinha só, ele ainda tinha seu cheiro. Aquele perfume tão doce e enjoativo que só ficava bom em você - assim como esse velho casaco que agora está em minhas mãos. Lembro-me da última vez que você o usou. Tão pequena, tão delicada, tão perfeita. Eu não conseguia imaginar outra pessoa que sorrisse daquele jeito, capaz de me fazer sorrir também. Aquele sorriso iluminado e aqueles olhos que praticamente se fechavam quando você sorria.

Você não está aqui agora, e parece que não vai mais voltar. Tudo o que me sobrou foi o seu cheiro que ficou. Não em meu casaco - em minha memória.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

layout;

preciso trocar esse layout. esse fundo preto-e-branco e esses laços gigantescos vermelhos são de extremo mau gosto.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

virginiana sim, com muito orgulho!

Não, eu não acredito em horóscopo, mas vi isso rolando pela internet e senti vontade de mostrar pras pessoas. Eu sei que o blog anda meio parado, mas parece que o que mais me inspirava à escrever era a correria do dia-a-dia. Daqui a pouco isso recomeça e eu volto a postar contos por aqui. Bom, é isso.

Qual a imagem que você faz da mulher de virgem? Por acaso é aquela da donzela vestida de branco, pura e frágil? Sinto muito em dizer que esta idéia não tem nada a ver com a verdade! 
 
A mulher de virgem pode largar tudo, inclusive o marido para seguir uma nova paixão sem dar a mínima para os comentários ou julgamentos. Ela é uma mulher que pode ser muito determinada quando se trata de ir em busca da felicidade, esteja ela onde estiver! Uma vez que aceitou um amor como verdadeiro este amor estará acima de tudo. é a única mulher capaz de ser terrivelmente prática e divinamente romântica.
 
Apesar de ser uma mulher determinada, ela não é do tipo que se atira de cabeça sem gastar um bom tempo analisando o que melhor deve ser feito. Também não é uma mulher que gosta de chamar a atenção como a leonina, ou que goste aventuras e mudanças bruscas em sua vida. Não, para ela tudo deve ter uma certa lógica e um motivo.
Não espere vê-la lutando por uma causa, fazendo discursos ou escalando montanhas com seu namorado apenas para estar ao seu lado. Esta mulher costuma gostar do sossego e não é muito afeita a aglomerações ou badalações. Normalmente costuma ter um gosto afinado para as artes em geral e na maneira de se vestir. 

Sabe porque é muito raro ver uma virginiana cafona? Por que ela parece ter nascido com um bom gosto para roupas que não é afetado por modismos ou extravagâncias! 
 
No trabalho, ela é persistente e prática, e descobrirá os pequenos erros que até um perito poderia deixar passar. Quando ela resolve se entregar à uma tarefa pode esperar que o resultado será o melhor! Ao se envolver com esta mulher, ela se encarregará de todas as suas preocupações, e provavelmente terá prazer nisto. Esta é a mulher perfeita para se discutir orçamentos planos para o futuro e o orçamento da empresa. O que pode parecer um tédio para outras mulheres, para ela é um prazer. 

Uma coisa que é interessante notar na mulher de virgem é que ela sempre dá aquela intenção de que está preocupada com algo.

A preocupação é algo natural nesta mulher. Elas simplesmente não conseguem relaxar completamente. Mas não espere ver uma fisionomia carregada ou carrancuda. Normalmente elas costumam ter uma aparência serena e sempre o mesmo sorriso discreto, olhar tranqüilo e gestos calculados. Mas, mesmo possuindo este autocontrole e este comportamento sereno, elas costumam ser devoradas por ansiedades que nem o mais íntimo dos amigos tem conhecimento!
Apesar de ser uma perfeccionista, não quer dizer que seja perfeita. Ela tem os seus defeitos e estes podem ser muito irritantes. Elas acham que ninguém consegue fazer as coisas com tanta ordem e eficiência quanto elas. E o que irrita é que muitas vezes elas tem razão!

A virginiana detesta quando é criticada abertamente. Se ela errar, diga-lhe com muito tato para não perder a amizade (ou a esposa).

Quando se trata de admitir que está errada, esta mulher parece sofrer um bloqueio mental. Ela tem mais facilidade para criticar os defeitos nos outros do que para aceitar os seus próprios. Não que ela ache que é perfeita. A virginiana sempre é muito critica com relação a sua aparência, trabalho, alimentação e no amor, claro! Para ela não existe meio termo: ou consegue o melhor ou tem apenas o pior! 

Também não espere ver esta mulher tendo sonhos ou ilusões sobre as pessoas mesmo quando está amando.

Ela é muito "pé no chão" e muito prática para se deixar levar por sonhos. Nem a taurina consegue ser tão pratica quanto ela. Nem mesmo o amor consegue cobrir os olhos da virgem e impedir que ela veja os defeitos e falhas do companheiro, durante o relacionamento.
Demonstrações dramáticas de amor, promessas sentimentais e exagero, não só deixa a mulher de virgem entediada, como podem assusta-la a ponto de nunca mais aparecer. Mas, seu coração pode amolecer se for conquistada aos poucos. Existem muitas formas de se conquistar esta mulher e manter a paixão. Mas a agressividade não está entre elas!

A virginiana busca mais a harmonia e a tranqüilidade em um relacionamento do que paixões loucas e amores impossíveis!

Também não é muito comum ver esta mulher chorando por um romance do passado ou se entregando a um amor platônico. Para ela o que importa é o que está ao seu alcance, e o que acabou tem que ser enterrado para que outro homem ocupe o lugar vago! Mesmo que uma decepção amorosa tenha causado muita dor em seu coração, esta mulher consegue disciplinar seus sentimentos e emoções a ponto de parecer que nem liga para o rompimento. Ela vai sofrer por dentro, mas este sofrimento não vai durar muito!
Ela dificilmente vai se deixar levar pela ilusão de que colando os pedaços vai conseguir refazer o que não tem mais conserto! 


Ela se dedica totalmente apenas àqueles em quem confia, e as pequeninas coisas podem significar muito para ela.

Apesar de sua timidez e tranqüilidade, é bastante firme e forte para que para que os outros encontrem nela um porto seguro. Sua coragem e senso de responsabilidade costumam servir de conforto para as pessoas que ama quando as coisas não estão boas! 

 eu não me descreveria melhor.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

juventude transviada.

Cansei-me desse rótulo que os adolescentes teimam em sustentar. Ostentam seu narcisismo, sua embriaguez, seu hedonismo; como se essa fosse a forma ideal de mostrar crescimento e maturidade. Por que transformar essa fase da vida em tamanha futilidade? Mulheres gastando quantias absurdas em vestidos e sapatos, transando com caras que mal conhecem.

Sou preconceituosa e acredito que "quem se mistura com porcos farelo come", gente que anda com gente que eu não gosto e que não presta, boa coisa não é. Raramente dou atenção e credibilidade à pessoas que julgo desinteressadas, mal intencionadas ou simplesmente passivas ao mundo exterior. É meu jeito, e foi assim que as coisas sempre funcionaram pra mim.

NÃO, não bebo, não fumo, não uso drogas e nem durmo com caras aleatórios. SIM, sou careta. Não acho que estar tão bêbado a ponto de passar vexame é a forma mais intensa de aproveitar a vida. Além do mais, vou beber pra quê? Pra me soltar, pra ficar mais alegre e menos tímida? Quem me conhece sabe que eu não preciso disso, sou animada o suficiente sem uma gota de álcool no sangue. Como um amigo me disse uma vez: sou "drogada sem usar drogas".

Os jovens perdem um pouco a noção de auto-controle e bom senso. Culpa dos pais por darem liberdade demais? Não necessariamente. Sempre tive liberdade o suficiente pra fazer o que eu quisesse, a hora que quisesse e com quem quisesse, e  além da internet e do chocolate, não tenho nenhum outro vício. Comigo a liberdade funcionou bem, talvez porque eu sempre soube que perder a confiança dos meus pais traria conseqüências drásticas.

Aos jovens não falta liberdade de escolha ou um pouco mais de repressão por parte dos pais. Falta o instinto mais crucial ao ser humano: a auto-preservação.

Mas bom, isso é apenas uma divagação de fim de férias.

PS: Não acho que beber seja um problema. Mas fazer isso sem ter noção de quando parar, é.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

encontros.


Ela te viu mais uma vez, agora você estava na portaria conversando com os outros meninos do prédio. de novo, ela fingiu que não te viu. não conseguia agir naturalmente com você.


Ela era nova no prédio, estava lá havia pouco mais de 5 meses, e o havia conhecido quando a correspondência dela foi parar nas dele assim, por engano. Então num dia comum ele tocou a campainha e disse 'acho que isso é seu'. 'definitivamente é!'. ambos riram, ela o convidou pra entrar e tomar um café. ela se apaixonara por ele desde então.

E é justamente por isso que ela não consegue encará-lo e puxar assunto, mesmo que o que mais queira seja justamente isso. Toda vez que se encontram no elevador, ela trava e mal consegue dizer 'oi'. Quando você está na portaria ela passa direto, sem sequer olhar.

Ela planeja milhares de assuntos pra conversar contigo, mas tem medo de estragar algo dizendo alguma bobagem. É por isso que ela não diz nada.

Ela finge que não te vê porque está interessada em você. e sabe que você também está, quando seus olhares se cruzam - antes de fingir que não se viram - você parece remoer-se por dentro na ânsia de ouvir a voz dela.

Mas ela está esperando que você ponha essa timidez de lado e venha falar com ela. Assim, aos poucos.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Conto Intitulado III.

Antes, leia: Conto Intitulado (parte I) e Conto Intitulado II.


24 horas haviam se passado desde a última vez que haviam se falado ao telefone. Já era hora da tão esperada ligação, agora ela iria realmente saber se eles poderiam recomeçar.


- alô, Guilherme?
- Juh, você acha que alguma coisa pode durar para sempre? Por que você vai tão longe só por mim? Mesmo eu te ignorando e sendo grosso com você, você nunca desistiu de tentar voltar. Eu não consigo entender porque você ainda quer tentar recomeçar.

Instantes de silêncio haviam se tornado comuns em suas conversas.


- sabe aqueles dias que vc acorda meio enjoado de tudo?
- sei... - ela não tinha a menor ideia de onde ele queria chegar com aquilo, mas deu-o espaço e tempo para que caminhasse.
- no dia que eu liguei pra você, eu tava meio assim. então eu fui até uma árvore que eu costumava ir quando era criança e me dei conta do quanto eu sentia falta de alguém pra deitar ali comigo e conversar sobre coisas aleatórias. Daí eu senti o peso de tudo que eu joguei fora, e embora eu não conseguisse me lembrar de como era sentir aquilo, eu senti saudades. Foi quando eu me lembrei da promessa que eu te fiz... eu prometi que não te deixaria ir embora.

Ela lembrava muito bem dessa promessa, mas achava que ele havia esquecido. Então, ele continuou.

- ao invés disso, eu fiz o oposto. Você me queria por perto e eu me mantive longe... como posso ter a consciência tranquila se eu não mantive minha palavra? e por isso eu senti uma vontade enorme de te pedir desculpas.

Agora sim fazia sentido o porquê dele querer se desculpar. Ela preferiu deixar que ele continuasse, sabia que se o cortasse ele não falaria mais.

- o amor... essa é a única coisa que eu acredito que seja eterna...
- é por isso que eu não posso ignorar tudo que a gente viveu! eu te amo, você me ama? mesmo depois de todo o sofrimento que eu te causei?
- eu penso igual à você então.. porque quando eu penso nisso eu só penso na dor que EU causei à você. Parece que a gente pagou isso com o próprio sofrimento.
- se pagamos estamos quites e podemos recomeçar, certo?
- não sei... como seria então?
- seria como sempre foi. eu, você, sentados em qualquer lugar conversando sobre qualquer coisa.
- acho que de qualquer maneira só tem um jeito de saber... então, o que acha de ver um filme um dia desses?

O coração dela parecia querer sair do peito.

- tenho um convite melhor... que acha de passar o dia comigo um dia desses? com direito a filme e tudo mais?
- terça então?
- perfeito.

Silêncio de novo, mas dessa vez, ambos pareciam refletir se aquilo era mesmo verdade.

- Juh... era por isso que eu queria te pedir desculpas... e eu queria que ainda tivéssemos aquilo porque... por mais que eu guarde isso, a verdade é que... eu amo você e não tem ninguém que eu confie tanto, não existe ninguém no mundo a quem eu me permiti me expôr daquela forma...
- sabia que eu amo você?
- é, eu sei... eu também te amo... - aquilo era música pro ouvido de ambos.
- e depois de tudo que a gente passou, eu tenho mais certeza de que é pra sempre!
- é melhor eu ir logo embora antes que você me faça dizer mais coisas melosas... - ele riu. pela primeira vez em dois anos, ele riu pra ela de novo.
- então até terça!
- até.

O coração de ambos parecia se recuperar de uma maratona. a vida finalmente estava fazendo sentido de novo. um recomeço, uma nova vida, outra oportunidade. o mesmo amor. 

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Conto Intitulado II.

Antes, leia Conto Intitulado (parte I).


Já faziam duas semanas que ele havia pedido pra que ela não ligasse mais. A dor ainda era latente, o coração dela ainda estava fragmentado em milhões de pedaços, parecia que nada jamais voltaria ao normal.


Mas foi num desses dias comuns que se seguiram à esse pedido. Ela estava arrumando a bolsa, botando o celular pra recarregar. Uma ligação perdida, uma chamada dele. O coração dela pulou dentro do peito, pela primeira vez ela pode realmente respirar. Ligou de volta.

- alô?
- oi! sou eu! você me ligou de volta?
- liguei.
- diga...?
- não era nada não, eu só queria falar com você. deu vontade de ligar... - o silêncio dos dois era constrangedor, ambos pensavam muito no que iriam dizer. Não sabiam como recomeçar, ou sequer se poderiam recomeçar. Mas queriam tentar.
- fiquei feliz de ter ligado. MESMO. queria conversar com você há muito tempo, mas prometi não ligar, lembra?
- agora eu não posso conversar porque todo mundo tá dormindo e se eu acordar alguém, tô ferrado. - Já era cerca de uma hora da manhã.
- tá, tudo bem então... - é, talvez aquilo tivesse sido apenas uma recaída, um telefonema por impulso do qual ele se arrependera.
- mas eu quero que você me ligue amanhã, eu realmente quero conversar com você. preciso pedir... desculpas.
- desculpas? não, eu te devo desculpas! EU vacilei com você. não estou te cobrando que sinta o mesmo, mas quero que saiba que eu ainda amo você. Sempre vou amar. - Ela realmente não tinha o direito de cobrar isso, ela o havia magoado demais.

Mais uns instantes de silêncio, a respiração dele denunciava que estava prendendo o choro. Ela não queria tornar as coisas mais difíceis, então quebrou o silêncio, se despediu e disse que ligaria no dia seguinte. Nada a impediria disso. Então desligaram.

Ela gritava de felicidade pela primeira vez em dois anos. De repente, o mundo tinha cores novamente.

domingo, 11 de julho de 2010

Abraço.

Ela sorriu e o abraçou. Ele apenas retribuiu. Assim, sem dizer nada. Aquele gesto era mais que um eu te amo, mais que 'voce é especial'. Era a forma mais pura que eles poderiam usar pra demonstrar afeto. Ela aconchegou sua cabeça no peito dele, ele sentia o cheiro dos cabelos dela no ar. E mudos ficaram, pelos longos minutos que esse abraço durou.

the universal language.


Since May she was in France studying.

Oh gosh, he missed her so much! And this is like a pain, all this feeling inside his body. So he sit down in front of his computer and start to write an email. He will try to put all his feelings inside of this virtual letter.

"bonsoir, vicky.

two months without ur smell, babe. two months.

we r together since 2005. sometimes i feel like was yesterday ours first met. the sky was so blue, can u remember that? we have been together since then. 5 yrs. not so much time, right? it passed so quickly... however, it seems a life. is like u were with me since ever. i know that u r far away from me now, but i swear that i can feel ur presence here. is like u were in everything that i do. all my day. i can feel ur warm, but my hand still holding the air. just the air. but i have u here, inside of my mind, inside of my heart. How the distance can fight against this? simple: can not. cuz my love is bigger than ocean, bigger than distance. bigger than me.

u r everything that matter for me, nobody never matter so much, did u know? gosh, how i wish ur hand holding mine again!

someday, somebody said that 'dont matter wht u have, if u dont have someone to share'. is exaclty like that. i dont wanna money, or sucess, of nothing. all that i want is u. just u. cuz when im with u, dont matter wht happens, i know that in the end i still will have ur smile. and this is everything for me. happiness in just one motion. the world seems more iluminated when u smile. u r the proof that love isnt abt distance or nothing. love is when u find someone and all that matters for u is her/him. love is abt love.

u r everything that matters for me.
u r my life, my love, my heart.

three words, eight letters, but the feeling doesnt have a number."

he send. turned off the pc and looked to her pic in his table. so beautiful, so charm, so cute. pretty amazing. he touch the cold glass of the frame... he miss her.

he take off the clothes and put her favorite jersey. the blue one. she used to say that "contrast with his eyes". So, he lay in the bed and smile. He knows that dont matters if she is far, she will be back, and she will be with him forever.

in another part of the world - France, to be more especific -, she is waking up, and the first thought in her mind is him. Smiling and saying "i love you", while all that she wants is to say "me too".

terça-feira, 6 de julho de 2010

Conto intitulado.

Uma da manhã, 13 de dezembro de 2008. Ela sentou ao seu lado e perguntou o motivo dele ter se afastado de todos. Estavam numa festa, mas enquanto seus amigos se divertiam sacudindo seus corpos freneticamente ao som de algum novo ritmo, eles estavam sentados na grama, onde a música era só um zumbido.

- eu só fico pensando... o que será depois?
- depois do quê?
- depois daqui.
- bom, nós voltaremos pra casa e segunda de manhã pra escola. você tá com algum pressentimento ruim?
- não, tosca. estou dizendo depois que a escola acabar. quer dizer, você vai fazer direito, e eu vou fazer engenharia. mas isso não é o que me aflinge, o que me aflinge é saber que eu vou ter de me mudar por causa da faculdade, e você vai continuar aqui.
- sim, vou. sim, você vai estar longe. mas NÃO, não vamos terminar, nós vamos continuar juntos! você se importa em não me ver com tanta frequência como atualmente?
- é claro que eu me importo, mas me importo mais ainda em perder você. eu não sei qual rumo minha vida teria tomado sem você, você é bem mais pra mim do que pode imaginar, a única pessoa com a qual eu realmente me importo, digo o que sinto e, mais ainda, me permito sentir alguma coisa. - Ela não sabia o que tinha de tão especial, mas, sem dúvida, se sentia feliz por possuir.
- você também mudou muito a forma como eu via a vida, não consigo me imaginar sem você.
- eu também. por isso voltarei todos os finais de semana, e ligarei todos os dias. não posso perder você. - Deitou na grama fria, logo em seguida acompanhado por ela, que segurou sua mão.

Estar aqui com você é muito melhor do que estar lá dentro, ela disse. Aquelas músicas são horríveis, ele disse. "é, eu sei.". ela se aproximou, beijou-o de leve na face e apoiou sua cabeça sobre o peito dele. então, com a outra mão, ele a abraçou. a mão direita ainda possuia a dela - tão pequenininha e envolvida dentro da sua, tão bruta e calejada. e assim ficaram até amanhecer e ser a hora de voltar pra casa.

- até segunda, ela disse.
- até segunda, eu amo você.

ela não disse eu também, não precisava, ele sabia. ela apenas sorriu de volta, conseguia sentir a felicidade inundando não apenas os olhos dele, mas os dela também.

Hoje, 2 anos depois, eles não se falam mais. Ainda amam um ao outro, talvez até mais do que antes. Mas uma briga estragou tudo. Culpa dela, sempre dela. Ela sabia exatamente o que dizer para machucá-lo, ela a única pessoa a qual ele permitiu se expôr. Ela lançou palavras com tanta brutalidade, que ele nunca mais se permitiria confiar e se expôr à alguém. Enquanto tudo que ele fez foi ouvir, ela fez ao coração de ambos uma perda irrecuperável.

Tentou reparar o dano depois, mas palavras, uma vez ditas, não podem ser 'desditas'. Então, resolveu dar um tempo à ele, depois de um ano, ligou. "oi", ele disse. Então ela tentou ser tão bem humorada quanto antes, mas tudo que ele dizia era o mais monossilábico possível.

- como tá a faculdade?
- bem.
- tá namorando?
- não.
- ah, claro. só quem é capaz de te aturar sou eu não é? (risos)
Tudo que se ouviu sou silêncio do outro lado.
- ainda dói, não é?
Silêncio quebrado, ele havia desligado. Resolveu ligar de novo.

- não te ensinaram que desligar na cara dos outros é falta de educação? - Riu, enquanto segurava suas lágrimas, sabia que estava realmente tudo acabado, não havia mais volta.
- eu não sou educado.
- eu sei disso.
Silêncio.
- você quer que eu não te ligue nunca mais, não é?
- quero.

Fone no gancho. Lágrimas escorrendo, nada jamais seria igual.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Recomeço.


Enfim, o telefone tocou. Há semanas esperava aquela ligação, uma voz firme se pôs do outro lado.


- Após a seleção de currículo, a dinâmica de grupo e a entrevista, concluimos que você não faz o perfil da empresa.

Assim, direto ao assunto. Ela engoliu em seco, agradeceu e desligou. Mais um fracasso, mais um plano que ruía. Mas tudo bem, tudo certo. Quando se tratava de planejar, recomeçar e ter um plano B, ela nunca fracassava. Vestiu seu terninho preto com uma blusa social branca, uma calça jeans azul-escura, um sapato elegante e discreto e pôs-se a procurar outro emprego. Ela podia não ser a mais indicada ao cargo, ou a mais bonita, ou a mais elegante, mas sem dúvidas, em recomeços, era a melhor.

Afinal quem se importa com o destino, quando o que realmente importa é a caminhada?


(SB; 8:13)

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Delírios Insanos.

Reviro-me na cama, acordo assustada. Pesadelo. Aranhas por todo o meu corpo, minha maior fobia. Era capaz de sentir suas patas negras e peludas caminhando sobre a minha barriga, meu pescoço, minhas coxas. Uma se aproxima de minha boca. É quando eu acordo ofegante. Com a movimentação, você acorda também, olha-me intrigado e pergunta o que houve. Pesadelo, eu digo.

Então você me abraça, acaricia meus cabelos e diz que está tudo bem, que você está ali comigo - clichê, mas verdadeiro - e que nada de ruim irá acontecer. Aconchego-me em seu peito, sinto sua ritmada respiração e as batidas do músculo que você me deu. "eternamente seu", como muitas vezes você repetiu. Sinto seu cheiro, não há nada em minha mente além de você. Esqueço-me do pesadelo, das aranhas, do mundo.

Nada mais importa.

(SB; 00:17)

Declaração.

"Você é um poema em andamento, um soneto tão perfeito que nem Shakespeare seria capaz de compôr. Cada centímetro em você é perfeito, Deus é realmente um artista. Eu preciso agradecer à sua mãe por tê-la trazido ao mundo."


(SB; 23:52)

segunda-feira, 21 de junho de 2010

ser, estar.

- NOSSA festa? Nossa quem? Você não é mais bem vida aqui.

Aquelas palavras a atingiram como uma lança. Ela realmente pensava que ela era querida por ali. Sua estupidez estava estampada em mais uma página da sua vida, vida essa inteiramente baseada em atos de estupidez. Sua biografia deveria ter como subtítulo "manual de como agir de forma estúpida em todos os casos", afinal, ela conseguia isso em 95% do tempo.

Estúpida ou não, ela merecia estar onde se sentisse bem, onde a quisessem bem.

Sorriu e bateu a porta ao sair.

sábado, 12 de junho de 2010

12 de junho.

Recebi pelo correio um embrulho quadrado, pequeno e envolto num papel dourado. Abri-o. Chocolates e uma pequena caixinha de veludo vermelha, contendo um solitário de prata. Só então me lembrei que era dia dos namorados. O presente não tinha remetente, apenas um cartão com um número de telefone. Liguei, do outro lado da linha estava Gabriel. Eu devo reconhecer que já sabia que ele gostava de mim, só nunca achei que ele fosse tomarm coragem e se declarar.

- Clara, eu gosto de você. Sei que a gente não se conhece muito bem, mas desde aquele dia que a gente se conheceu na secretaria, não consigo deixar de pensar em você. Não quero que esse seja mais um amor platônico, porque eu realmente acho que amo você, e tudo que eu faço é pensar em você.

- Gabriel, você sabe que só pq você gosta de alguém não significa que essa pessoa retribua, não sabe?

Ele emudeceu-se por alguns instantes, e quebrou o silêncio com uma pergunta que me obrigou a ser sincera, talvez até cruel.

- Quando olha para mim, o que você vê?

- Um garoto inacreditável, educado, inteligente, focado, esforçado, bem-sucedido e que não possui vício algum. Seu rosto é esplêndido, seu sorriso é um dos mais bonitos e seu corpo é escultural. Você é o menino perfeito, o namorado que toda garota gostaria de ter. Mas isso não significa que eu ame você.

Duros instantes de silêncios se seguiram à essa última frase, que me fizeram pensar que havia sido dura demais, mas ele precisava entender que eu não nos via juntos. No fundo, acreditava que ele era bom demais pra mim. Então, mais uma vez ele quebrou o silêncio, mas dessa vez, tudo o que disse foi "ok, pode ficar com o anel" e desligou.

Não menti quando disse que não o amava, na verdade, acho que nunca poderia, nos faltava aquela coisa mágica. Infelizmente, é isso que faz o amor acontecer, e não a qualidade que as pessoas têm, e enquanto essa empatia não acontecesse com alguém, eu iria continuar passando o dia dos namorados sozinha.

domingo, 6 de junho de 2010

dolorosamente nostálgico.

Ela abriu sua caixinha de jóias e pegou um pequeno brinco de uma flor branca com pedrinhas, simples e discreto o suficiente pra passar despercebido à maioria das pessoas. Segurou o brinco com delicadeza, olhou-o por um tempo e um sentimento nostálgico encorporou todo o seu ser. Aquele brinco, aquela simples tulipa branca havia estado em sua orelha no primeiro dia dos mais felizes de sua vida. Uma lembrança tornou-se nítida em sua mente.

Outubro de 2008, ele a beijou, brincou com seu cabelo, mecheu naquele mesmo brinco - agora em suas mãos - e disse:
- Você tava com esse brinco quando a gente se beijou pela primeira vez.
Ela sorriu, nem ela se lembrava desse detalhe tão pequeno. Detalhes, pequenos detalhes que ele sempre reparava, sempre comentava e jamais esquecia.

Sentiu seu coração apertar. DROGA! 2 anos haviam se passado, e ela ainda sentia sua falta. Ele havia sido marcante pra ela, ao contrário de todos os outros namorados. Ele a fazia se sentir querida, todas as vezes que ela ia encontrá-lo, ainda sentia aquele friozinho na barriga de primeiro encontro. Ela amava o jeito que ele a abraçava. Ninguém jamais a abraçou igual. E jamais iria. Sua cabeça se encaixava perfeitamente embaixo do queixo dele; ele a abraçava forte, como se quisesse fazê-la grudar nele pra sempre. Era envolvente, protetor. Era bom, ÚNICO, ela se atrevia a pensar.

Até hoje, ela ainda não entendia como haviam sido tão idiotas por terminarem o namoro por causa de uma briga tão boba e mais bobos ainda por deixar que o orgulho impredisse que voltassem. Maldito orgulho. Ela não gostava de se lembrar o porquê deles nunca terem voltado, sabia que tinha grande culpa nisso. Afinal, iniciar um namoro duas semana depois com o garoto que ele mais odiava, não havia ajudado muito. Ela não sabe muito bem por que fez isso até hoje, talvez pra causar ciúme, talvez pra mostrar que não precisava dele. Fosse o que fosse, não valeu a pena.

Março de 2009, eles se encontram na rua, por acaso. Ele estava lisonjeado, a olhava com cara de apaixonado, como se quisesse registrar cada detalhe da sua aparência.
- Nossa, você tá realmente muito bonita. Sempre mais bonita.
Ela conseguia sentir a dor em sua voz, ele não parecia sentir-se feliz com aquela situação... Mentalmente, ele dizia a si mesmo: "e eu te perdi."
Ela agradeceu, disse um "tchau" sem graça, e ele voltou pra lhe cobrar feliz aniversário (que havia sido mês passado). Ela o abraçou, deu dois beijinhos, e o ouviu dizer que "sentiu falta do seu cheiro".
- Você só voltou pra me dar beijinho! Ela riu, sabia que era verdade. Ele riu, sabia que não adiantava negar.
Se despediram de novo, se beijaram mais uma vez e se olharam com ar de nostalgia.

Setembro de 2009, eles se encontram no msn. ela tenta se reaproximar, mesmo que pra uma amizade. Sente sua falta. Ele recai e não consegue evitá-la como o usual. A tratou como nos velhos tempos, a chamou de amor, pediu que ela ligasse a web cam e disse coisas que costumava dizer quando namroavam. Ela sempre seria a mulher da sua vida. Disse que que daria tudo pra que as coisas não tivessem terminado; mais ainda, disse que terminaria com a atual namorada por ela, era só ela pedir. É ÓBVIO que ela queria que ele terminasse, aparecesse na casa dela e dissesse "quero você na minha vida de novo". Mas ela não tinha o direito de pedir. No fundo ela tinha medo de estragar tudo, de estragar as boas lembranças que tiveram. Eles eram compatíveis. O simples gesto de segurar sua mão era diferente... Ele segurava de um jeito que parecia que ele não queria soltar nunca, e ele parecia orgulhoso de estar do seu lado.
- Essa é a minha garota.
Ele sempre dizia, embora não precisasse, ela conseguia ver. A empatia era... única.

Lembrou-se daquela sexta-feira chuvosa do final de setembro na qual se conheceram. Ninguém esperava que chovesse naquele dia, mas a chuva foi torrencial. Qualquer detalhe mínimo a teria feito não conhecê-lo. Destino; isso simplesmente tinha que acontecer. Cortou a lembrança ao meio, muita nostalgia pra um dia só. Guardou o brinco na velha caixinha de jóias, trocou-o por um outro, dourado de formas geométricas triangulares. Seu celular tocou, seu par a esperava na calçada. Pôs seu perfume, bateu a porta ao sair.

Não importa o quão único ele tenha sido em sua vida, ele não fazia mais parte dela agora, embora sempre fosse estar em suas lembranças. Agora, ela pertencia a outro. Mas não seu coração, ela o havia dado pra ele, e jamais o teria de volta.

terça-feira, 1 de junho de 2010

amor est vitae essencia.

Ela virou o rosto ao ver mais uma vitrine de dia dos namorados. DROGA, ela pensou. Maldito mês de junho, que por ela, devia ser abatido do calendário ocidental. Esse já era o segundo dia dos namorados sozinha depois do seu namoro com Luis. Olhou acidentalmente para mais uma vitrine, um casaco ocre a fez recordar do casaco de 173 reais que comprara para ele no primeiro (e último) dia dos namorados que tiveram.

Nossa, ela realmente havia sido uma tola todos esses anos, acreditando que o amor é necessário, bom, paciente e, mais ainda, "a essência da vida". Todo essa brincadeira de eternidade não passava de desperdício de tempo, dinheiro e sentimentos. Engoliu seco. Ela sentia saudade de se sentir amada e sentir-se amando. Olhou pra vitrine mais uma vez, dessa vez, de próposito. Um vestido vermelho lhe chamou atenção. Simples, mas sexy.

Experimentou, gostou, resolveu comprar. Preço amargo, 265 reais. Levou assim mesmo, afinal, se seu ex namorado merecera um casaco de 173, ela merecia um vestido de 265. Olhou pra vitrine ao sair da loja, apreciando a peça que acabara de comprar vestida no manequim. Vermelho era sua cor, ela sabia. Ela ficaria linda naquele vestido, mas lembrou-se de não ter pra quem se arrumar. Sacudiu a cabeça, balançou os cabelos e concluiu tardiamente que ela não precisa se arrumar pra ninguém, ela só precisava se arrumar pra si própria. Amor est vitae essencia. Que tal um pouco de amor-próprio pra variar?

segunda-feira, 31 de maio de 2010

na saúde e na doença.


Então eu a vi. Seus longos cabelos negros contra o vento, seus olhos se fechando para se proteger do sol. Sua pele, tão morena, tão delicada, tão doce. Ela acenou pra mim, feliz por eu estar ali. Corremos em direção ao outro em plena avenida Rio Branco. E então ela me abraçou, transmitindo todo aquele afeto que apenas o seu abraço transmitia. Tenro, suave, bruto.

Um barulho de porta abrindo fez com que eu acordasse. Xinguei mentalmente as três próximas gerações desse ser por ter perturbado um sonho tão bom, mas quando abri os olhos, vi aquele mesmo rosto do sonho sorrindo pra mim. O mesmo sorriso de sempre, capaz de me fazer mais feliz não importa o que acontecesse. Ela andou até mim, sentou na cama ao meu lado, e me beijou. Seu beijo ainda era o mesmo, mas não podia ignorar o sentimento de culpa que ele agora trazia.

Desde a internação, os sentimentos mudaram entre nós. Desde aquela fatídica quarta-feira, eu não podia deixar de ignorar o fato dela estar perdendo seu tempo comigo. O médico já havia deixado bem claro que eu não viveria mais que três anos. E ainda assim, ela continuava ao meu lado, mesmo sabendo que eu não poderia dar a ela um futuro. Sim, ela sabia como eu me sentia, já havia dito a ela, e a sua resposta era sempre a mesma: "estou aqui porque amo você, e se você tivesse mais 3 dias de vida apenas, gostaria de dividí-los com você, assim como sei que você dividiria os meus." Ela realmente não se importava em estar perdendo tempo com alguém que estava tão fraco que sequer poderia sair de casa.

Eu perguntei como estava a escola, ela sorriu e disse que estava nostálgico sem mim, o que partiu meu coração. Nunca mais eu pisaria na minha única e antiga escola, o lugar que mais tinha contribuido nas minhas lembranças. Sorri, ela não precisava ter ciência disso. Já era sofrível demais pra ela me ver pálido e deitado numa cama, sentido dor até mesmo no simples ato de erguer a cabeça. A beijei, mais uma vez. Era o melhor beijo culposo que eu poderia receber.

Conversamos um pouco mais, assistimos um pouco de tv e ela teve de voltar pra casa, já era tarde.

Todos os dias, desde aquela fatídica quarta-feira, ela nunca havia passado um dia sequer sem ir me visitar. Eu podia ver que ela ia porque queria, e não por obrigação. NOSSA, quantas vezes não tentei terminar nosso relacionamento? Quantas vezes ela não chorou implorando que eu deixasse de ser tolo? sem dúvida, a mesma quantidade de vezes. Mas eu não podia ignorar que ela estava perdendo seu tempo comigo.

Peguei o livro que estava em minha cabeceira; 1984, meu favorito. Eu o leria mais um pouco, faria algumas refeições, veria alguns filmes e dormiria. Porque agora, é só isso que eu faço. Sinto falta do vento no meu rosto, de correr livre pela rua, de sair com ela. Todas essas coisas que a doença me arrancou.

O que me mantém lutando pra viver é ela, com todas aquelas diárias visitas vespertinas. A doença tira-me a vida, aos poucos. Mas não ela, porque ela resiste, o amor resiste. Eu a amo, mais do que um dia amaria a mim mesmo.

sábado, 29 de maio de 2010

tatuagem.

terça-feira, 3:30. fim da aula. o céu nublado anunciava a chegada do outono.
ela guardou seu material, e quando se preparava para levantar, um garoto se pôs em frente à ela.

- Oi. - disse ele, visivelmente envergonhado.
- Oi?
- É que eu tô muito curioso - o rosto dela cada vez mais intrigado, e o dele, cada vez mais constrangido- o que quer dizer? eu até copiei pra tentar perguntar pra minha professora, mas eu copiei errado. o primeiro é mu...- ele apontou pra tatuagem no braço dela; três símbolos em chinês.
- Espera! Você fala chinês?
- Falo, quer dizer, to aprendendo...
- Mas ninguém fala chinês! - ela riu, ele deu um sorriso singelo.

Então, ela explicou o que queria dizer cada símbolo daquele, e o porquê dela tê-los tatuado no antebraço. Conversaram por meia hora, ele era interessante, inteligente. O professor dele chegou. Hora de ir embora, ela despediu-se, querendo ficar mais.
Não perguntou o nome dele, não queria parecer fácil demais. Quando saísse da sala, ela iria perceber que fora uma tola não se apresentando.

Na aula seguinte, ela prometera a si própria tentar falar com ele, arranjar uma desculpa qualquer, descobrir seu nome, tentar criar alguma espécie de laço. Mas ele era TÃO tímido que ficaria paralizado quando ela dissesse seu nome. 30 segundos de puro silêncio, até que ele dissesse "gustavo!", e o assunto se encerrasse por ali.

Ele era tímido demais, ela o assustava com aquele jeito bruto, desajeitado e sincero.

(SB; 23:46)

Romance.

Ela criou toda a coragem que tinha, e disse, com medo de parecer tola:
- eu tenho medo de perder você.
Então ele respondeu, como se fosse a resposta mais adequada para alguém abrindo seu coração:
- não tenha medo de perder ninguém. você é forte pra isso!
Ela sorriu um sorriso amarelo. Mal sabia ele que, com aquelas palavras, ele havia se tornado menos indispensável.

É verdade que ela poderia viver sem ele. Mas o que ela esperava ouvir era "você nunca vai me perder", ou qualquer coisa do tipo, não uma respostão tão fria. Será que, aos 24 anos, ele AINDA não havia aprendido que 'pra sempre' é só uma coisa de momento?

(SB; 21:34)

quinta-feira, 27 de maio de 2010

mais que incentivo, razão.


E por mais que eu não esteja fisica nem emocionalmente bem, é o amor de vocês que me faz seguir em frente. "eu tenho muito orgulho de você", "você é muito guerreira, sam", "você é muito capaz, muito determinada".

Só eu sei o quão difícil é estar na ufrj. Não pelo curso ou pela dificuldade dele, nem por nada assim, mas pela frieza que aquele lugar possui. Nada nunca muda, nada nunca melhora. Talvez seja assim só pra mim, mas agora eu me pergunto: foi pra isso que eu lutei tanto? pra sofrer? pra estar num lugar onde ninguém se importa comigo?

Sinto falta de carinho, de companheirismo, de amor. Mas faço tudo que eu faço por vocês. Porque é gratificante ouvir as palavras com as quais vocês me descrevem. O incentivo, O AMOR. Dá vontade de seguir em frente, só pra que vocês estejam certos.

Eu não sei aonde eu vou chegar, nem quanto tempo vou levar, mas por esse carinho que vocês me dão, eu iria a qualquer lugar.

E as três coisas mais importantes do mundo eu tenho na pele - mãe, orgulho, dedicação.

"Se você tem foco, você tem tudo."

(SB; 23:27 - aos prantos)

quarta-feira, 26 de maio de 2010

beijos, blues e poesia.


Costumo chegar da faculdade e me sentar na pracinha que tem de frente pra minha rua, olhando pra praia, pra igreja, e pras pessoas que por ali trafegam. Pensando na vida, pensando em nada, pensando em tudo.

Entre milhares de pensamentos, hoje um me atormentou. Confesso que as vezes tenho um pouco de medo que minha juventude passe e eu não a tenha aproveitado. mas, afinal, o que é aproveitar a idade? ser inconseqüente, irresponsável e sair por aí com os amigos largando a faculdade como segundo plano? beber todas até não agüentar? praticar atos ilícitos apenas por adrenalina? Talvez.

É por isso que sinto-me velha. Parece que a juventude exauriu-se pelos meus poros. Simplesmente não me sinto na idade mais. Não cronologicamente, é claro. Tenho 18 anos, estou mais do que na idade de curtir. Mas não tenho vontade nem disposição para sair por aí, dançar, beijar todo mundo e muito menos beber.
Tudo que eu quero é um namorado, estudar, calma, paz, tranquilidade e mpb. Essas coisas de gente velha, ou madura, interprete como desejar.

Estando tão focada no futuro, as vezes me sinto deixando a minha vida para mais tarde.

Mas não me importo, não tenho pressa.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

python.


23:13, segunda-feira.
na frente do notebook, ela tenta aprender o que em três meses de aulas não teve o menor interesse. algoritmos, programação. crie um programa que converta em algoritmos romanos. crie outro programa que crie listas de números primos sequencias.
ela odeia essa matéria. ela odeia a faculdade. ela odeia seu curso.

sente falta da mecânica, da antiga faculdade, dos antigos amigos.
sente falta daquela felicidade matutina, da sinceridade que aquele simples "bom dia" carregava. sente falta de casa, da mãe. sente falta de um sorriso sincero em retribuição ao seu.
sente falta dele, que ela nunca teve.

mas não sente falta de si própria, agora, ela era pura e simplesmente sua alma, desnuda.
sua pele cheirava a humor 5, sua pele cheirava a saudade.

(SB; 23:21)

sábado, 22 de maio de 2010

Timepiece.



how much time i will have to wait to be with you?

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Atlântico.



Ela tossiu mais uma vez. cof cof. a garganta lhe doía, parecia ter o triplo do tamanho usual. Engoliu saliva. Mais uma pontada daquela dor aguda. Espirrou. Ótimo. Garganta inflamada, alergia atacada e nariz entupido. Respirava ofegante pela boca.

cof cof. Ninguém se deu ao trabalho de olhar o dono daquela tosse realmente seca. Por um momento, ela sentiu falta de casa e das pessoas que realmente se interessavam com seu bem-estar, pessoas que se estivessem ao seu lado agora, a teriam levado ao médico. Sentiu falta dele, que mesmo estando na Irlanda lhe daria apoio, faria tudo e qualquer coisa para vê-la sorrir, nem que fosse pela webcam. Ele que na noite anterior havia ficado preocupado pelo seu estado de saúde e aborrecido porque ela ainda insistia em não ir ao hospital.

Mas ali, naquela sala de aula fria, suas amigas sequer haviam perguntado se ela tinha procurado um posto de saúde ou se estava tomando remédios. Isso porque elas eram amigas.

O fato é que essa situação é exatamente como quando perguntam se está tudo bem. Ninguém realmente se importa. Mas não ele, sim, pra ele isso realmente importava. Mesmo tendo um oceano entre eles, David estava muito mais próximo do que todos aqueles que dividiam a sala com ela. Eles realmente se amavam, na saúde e na doença.

terça-feira, 27 de abril de 2010

obliterado.


- Você tira toda a minha liberdade! Não me deixa fazer nada! Como você quer que eu crie responsabilidade se você ao menos me dá espaço?
- Você não vai, PONTO!
- Eu vou sim!
- É mesmo? E com que dinheiro você pretende ir?
Oito segundos de puro silêncio. Rompeu-se com o som da buzina que vinha da rua.
- Vou usar o dinheiro do papai!
- Qual dinheiro? O da faculdade? Boa ideia, vá em frente, menina malcriada! TOLA! ESTÚPIDA!
- Isso tudo é culpa sua! Quem disse que eu me importo com a faculdade? Quem disse que eu me importo com você? Eu odeio a sua superproteção! Amanhã eu faço 18 anos, e vou embora dessa casa! Embora da redoma na qual você me criou!
- Se for, NUNCA MAIS VOLTE!

E ela foi. Hoje, 8 anos depois, ela vive à margem da sociedade. Pobre, desempregada, 2 filhos e um marido bêbado, tão drogado quando ela.
Tola.
Estúpida.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

embalagens bonitas e vazias.


Ali, de mãos dadas com ele, ela estava radiante com seu novo vestido rosa. Bastou um presente numa bonita embalagem para que ela esquecesse toda a raiva que sentia por ele tê-la feito de boba. toda a angústia e a frustração de ser traída foram simplesmente compensadas por uma desculpa esfarrapada e um vestido de grife. Fernando se justificou com palavras que uma menina de 13 anos não teria aceitado. mas Juliana aceitou. mesmo com toda a experiência dos 24 anos de relacionamentos promíscuos e 'just in time', ela ainda se deixava enganar pelos homens que entravam em seu caminho.

E o pior: ela ainda se deixava comprar por presentes usados como forma de se desculpar pela noite passada. Talvez ela merecesse aqueles presentes; eles de fato pareciam ser uma parte de seu corpo, talvez sua alma. ela era materialista, fácil de ser comprada por um valor barato. ela não merecia ocupar espaço no mundo, ela não o acrescentava nada de bom. apenas paixões ardentes, sem nexo nem futuro.

Ela merecia mesmo aqueles homens que atraía. Aqueles relacionamentos vazios, cheios de juras de amor que mal resistiam ao primeiro mês.

O que ela nunca entendera era o porquê de sua paixão mais duradoura durar apenas 1 mês. A resposta era tão óbvia que lhe escapava: o problema não estava nas pessoas com as quais ela se envolvia, mas sim nela. Relacionamentos nada mais são do que um reflexo do nosso interior, e por mais que um vestido caro a faça esquecer de quão frustrada sua vida era, não importava quantas roupas bonitas e caras trajasse durante o dia, ela ainda dormiria e levantaria a mesma perdedora barata de sempre.

(SB; 20:01)

domingo, 11 de abril de 2010

sina.



Um dia ela resolveu encontrar seu destino.

Levantou-se da cama às 6. Banhou-se, pôs um jeans e uma camiseta folgada. Anseios e frustraçõs foram "esquecidos" em casa, nada hoje a faria covarde quanto nos últimos anos.

Andou sete quadras até o tão incomum destino, e fez o que sempre quisera - mas relutava em fazer. Bateu na velha porta de carvalho dos McLuhan, David abriu.

Ele, que ela fora apaixonada desde o primeiro colegial, estava ali, parado olhando-a como se fosse a primeira vez que ele a visse. E era. Não no sentido de ver, mas de notar. Mesmo estudando na mesma escola desde pequenos, ele nunca a notara. Por quê? Ele era bom demais pra ela, bonito demais, inteligente demais. Ela era apenas uma menina desengonçada do time de natação. Quem ligava se ela tinha ganho o estadual? Suas notas eram ruins, seu corpo era deformado pelo esporte. Ombros largos, não muito femininos. Mas seu rosto era suave, emoldurado por ondulados cabelos negros. Olhos de um verde folha que encantava todos aqueles que conseguiam que ela se deixasse encarar antes de virar o rosto tão rápido que era impossível deter. Sim, ela era bonita; mas David não via sua beleza, para ele mulheres precisavam ser inteligentes. A beleza está nos olhos de quem vê.

Então, sem pensar, ela fez o que tanto quisera desde que cruzara com David no corredor 6 anos atrás. Puxou-o e o beijou. Ali, na porta da casa dele, pra quem quisesse ver. Assustado, num primeiro impulso ele a afastou. Então a olhou: ela não era de se jogar fora. E estava ali, pedindo por mais um beijo. Então ele a beijou, dessa vez um beijo dignos dos filmes de época.

Dave se afastou, Marina sorriu, piscou, virou as costas e foi embora. Assim, sem dizer nada. Mas não foi o caminho de casa que ela seguiu, ela se dirigia para a rua 13. A rua do seu melhor amigo, Marcelo. Por todo o caminho, um sorriso estava estampado em sua face.

Então ela jogou três pedrinhas na janela de seu quarto, como faziam desde crianças. ele abriu a janela, e ela gesticulou para que ele descesse até o quintal. Ele desceu, e começou uma frase que ela não o deixou terminar. Algo sobre o que ela fazia aqui às 6:45 da manhã. Marina fez com Marcelo o mesmo que fez com David. Ao contrário de Dave, Marcelo nunca recusaria um beijo dela. Pelo contrário, sempre desejou e sonhou com aquele momento.

Quando levantou, naquela manhã, Marina desejava Marcelo. Mas precisava beijar Dave primeiro. Apenas pra saber como seria se fosse real. Mas não era. O amor de Marcelo era verdadeiro, e desde que ela podia se lembrar ele existia. Ele nunca a disse que a amava, mas ela já havia percebido há tempos. E hoje, ela resolveu dar uma chance não ao Marcelo - mas a seu próprio coração. E fez certo.

Naquele dia, ela começou a história que a faria viver seu primeiro amor. Mas ela precisou de coragem, e como precisou. Marcelo era o seu destino. E hoje, tornou-se sua realidade.

(SB; 10:38)

sábado, 27 de março de 2010

Sob a tristeza, a coisa certa pra nós.


Saam (: - says: (...) Entretanto, avaliando os prós e os contras, não conseguir o que eu queria fez com quem eu permanecesse onde eu tinha mais vantagens.

Taruan - says: nem sempre o que a gente quer é o melhor pra gente.


26/03/2010.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Proteção.


Durante quase todo o dia, ele esteve sentado na rede da varanda curtindo o que costumeiramente chamamos de solidão. Não a solidão fria, gélida, cruel e doentia, mas a solidão silenciosa, calma, envolvente e acolhedora que o envolvia naquele início de mês. A cada balançada, o vento que batia em seu rosto parecia levar seus sentimentos, limpando sua alma; tornando-o mais racional.

Ele, que sempre possuira coração quente, finalmente estava conseguindo se desvencilhar emocionalmente das coisas e vendo-as de maneira concreta, plástica, com sua verdadeira forma. Agora ele não precisaria mais desperdiçar seu tempo e sentimento com objetos e pessoas. Para ele, era isto que elas passariam a ser: coisas.

Dentro dele, seu velho Eu lutava, tentando sair. Sabia muito bem que a ausência de emoções levava a um caminho pelo qual não queria passar.

A frieza, que começara como tentativa de proteção, aos poucos acabaria também com seu amor-próprio e com sua verdadeira essência. Mas não importava, ao menos por agora ele estava protegido.

(SB; 22:48)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Mórbido.



Ele a trouxera para casa ao amanhecer, a colocara sobre a cama e fora tomar banho. Sua amada merecia a melhor forma que ele pudesse apresentar. Banhou-se, pôs sua melhor roupa e sentou-se na cama ao lado dela.

O corpo em repouso trazia uma expressão tranquila, enquanto trajava um lindo vestido branco de tafetá bordado com lantejoulas. Um vestido visivelmente de casamento. Entre as mãos, trazia um discreto buquê de suas flores preferidas - rosas brancas.

Fernando tocou levemente o queixo da amada. Em seguida, subiu suas mãos até que pudesse acariciar as maçãs de seu rosto. Ela já começara a tornar-se fria. Literalmente fria. Sob a maquiagem, notava-se que ela ficava cada vez mais pálida. Mais fria e mais pálida. A vida parecia exaurir-lhe pelos poros.

Fernando se lembrou de quando a viu pela primeira vez, a primeira vez que notou aqueles cachos dourados tão sublimes. Ele a amou desde aquele dia nublado de outono. Mas ele nunca a deixou saber disso.

Ele a observara por meses, mas nunca teve coragem de se apresentar. O que diria? Oi, te vi por aí, te amei à primeira vista e então comecei a te seguir? Não, ele não arriscaria sofrer repulsa pelo amor de sua vida. Então, ele apenas a observava. Viu-a sair com alguns, namorar com poucos e tornar-se noiva de outro. Casamento marcado, vestido escolhido, noivo errado.

Quem quer fosse o futuro marido sem dúvida não a amava sequer metade do que Fernando amava. Ele a amava mais do que tudo no mundo, mais do que qualquer um um dia viria a amar. Fernando desejava não apenas seu corpo, mas a sua essência.

Por isso ele a matara. Só assim ela seria dele - e de mais ninguém.

Fernando a olhou mais uma vez. Um longo e pesado olhar sobre a mulher mais perfeita que ele já vira, na tentativa de entender como alguém conseguia ser tão linda, ainda mais sob a pouca luz da aurora que entrava pela janela. Deitou a seu lado sobre a cama. Em seguida, bebeu algo que, pelo seu semblante, pareceu amargo. Fechou os olhos e a abraçou.

Para toda a eternidade estariam juntos. Pra ele, o amor era isso, não podia imaginar forma melhor de deixar a vida do que ao lado da mulher amada. Pra ela, o amor dele tinha sido apenas frio, doentio e - sobretudo - mórbido.

(sb; 14:47)

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Connecting peole.



É um título ruim, eu sei. Mas não consegui pensar em nada melhor, como sempre.

Minha mãe não consegue entender como se pode ter carinho por alguém que nunca se viu na vida. Me parece bem quadrado da parte dela, que de antiquada não tem nada, pensar dessa forma.

Na maioria das vezes, ao conhecermos alguém, estamos abertos a novas experiências, novos amigos e novos amores. Principalmente na internet, onde geralmente podemos "fechar a porta" na cara da pessoa. Assim, se abrimos espaço para conversar com ela, é porque nosso coração está aberto também. Essa pessoa pode morar na cidade vizinha, no interior do seu estado, em outra região ou até em outro país. Em pleno século XXI, para a comunicação, distância não é problema.

Online, também perdemos um pouco o pudor. Expomos mais nosso lado positivo, reprimimos o lado negativo. Assim, nos tornamos mais amáveis, mais fáceis de conviver e até mais agradáveis. Cria-se um 'eu' melhorado, lapidado. Além disso, descremos nossa vida da forma que a enxergamos, o que muitas vezes facilita para que a outra pessoa tenha o mesmo ponto de vista. Encontra-se alguém que "pensa como você". E através do contato diário, do relato de nossas experiências e sentimentos, obtêm-se afeição. Dessa forma, fazemos verdadeiros amigos e criamos sentimentos verdadeiros por eles. Amigo virtual, afeição real.

Fiz alguns amigos nessa minha pouca bagagem online. Alguns deles permanecem até hoje, como o Dionne. Outros, a distância acabou se estreitando e conseguimos trazer nossa amizade pro off, como o Taruãn, o Eduardo, o Paulo Victor, o Kamui e o Douglas. Alguns outros eu acabei perdendo o contato.

Ainda me lembro do meu primeiro amigo virtual. Nossa, eu era bem inexperiente quando o assunto era internet naquela época. Era um menino da capital de São Paulo. Um ano mais velho que eu. Mas isso é outra história.

E é justamente a um deles que eu queria dedicar o post. Ao douglas, meu befo. Cuja amizade foi construída através de aulas de física via msn. E hoje, por ser aniversário dele, me inspirei a escrever sobre amizades virtuais aqui, mas o resultado não foi tão digno da nossa amizade, embora ela seja a melhor inspiração que eu poderia ter.

#HappyBday, BEFO! Te amo!

(SB; 11:01)

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Carnaval.





Foi num desses bailes carnavalescos cariocas da década de 60. Ele estava fantasiado de Arlequim, ela, de colombina. Mais de mil palhaços no salão.

Ela esbarrou nele sem querer, derrubou sua bebida e pediu desculpas. Tão Logo estavam brincando o carnaval juntos.

Ele, carioca, boêmio, experiente, bailes apenas como maneira de matar o tempo.
Ela, mineira, pura, moça do interior, estava passando uns dias na casa da tia em Botafogo.

Entre marchinhas, lanças-perfumes e serpentinas; olhares, sorrisos e apertos de mão. Mas o fim do baile se aproximava, ela tinha de ir.

Se despediu, sorriu, beijou-lhe delicadamente e disse: "até o ano que vem".

De longe, Pierrot observava, enquanto uma lágrima escorria-lhe pelo rosto em brasa.

(SB; 00:13)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Chicletes e Batimentos Cardíacos.


Ela mascava o chiclete no ritmo das batidas de seu coração. Mastiga. Tum. Mastiga-mastiga. Tum-Tum.

Sobre o ombro, trazia o cachecol que sua melhor havia lhe dado quando fizeram 2 anos de amizade. Agora, já eram 5.

Pensou em todas as mentiras a qual havia sido exposta, as chantagens as quais havia cedido para não perder a amizade. A falsa melhor amiga, que roubou seu namorado. Que clássico.

Mastigou. Puxou o cachecol, jogou-o no chão. Pisou.

E voltou a mastigar suavemente seu chiclete.

(SB; 12:58)

Labaredas Tediosas.


Esse tédio que me consome tem o porvir de uma lenta e gradual chama agindo sobre mim. Aos poucos, sinto minha pele queimar, arder, desfragmentar e por fim desfalecer; assim como minh'alma perante as horas tediosas que se acumulam, dia após dia.

(SB; 12:49)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Fiel e Amadurecido.



1.Adesão absoluta do espírito àquilo que se considera verdadeiro;
2. crença religiosa;
3. firmeza na execução de uma promessa ou compromisso;
4. crédito, confiança.


Esses dias me peguei incentivando um amigo a voltar pra igreja. Ele me respondeu algo como: "Por que você, que sequer acredita em Deus, tá me incentivando a voltar pra igreja?" Bom, a resposta é simples, mas não sei se ele entendeu da forma correta.

Eu não acredito em Deus, não mesmo. Também não duvido. Simplesmente não faz diferença na minha vida a existência Dele ou não. Mas eu acredito na fé e no poder que ela exerce sobre o ser humano.

Religião é dispensável, a fé não. Pra mim, o clichê de "a fé move monstanhas" é mais que verdadeiro. Acreditar na existência de um ser superior, faz com que acreditemos que há algo realmente bom reservado pra nós. Assim, faz com que busquemos esse nosso destino brilhante a qual estamos predestinados. Buscamos mais, insistimos mais e conseguimos mais.Querendo ou não, a igreja acaba incentivando isso indiretamente, através da fé e da crença na existência de Deus.

Mas comigo isso nunca funcionou. Eu só via hipocrisia naquele lugar, e acho que nunca acreditei de fato na existência de Deus. Eu só... aceitava, mas sem crer. Entretanto, tenho fé que nosso esforço determina quem somos e o quanto crescemos. Sem esquecer jamais que educação, caráter e consideração também são formas de amadurecimento.

(SB; 21:32)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Amor.


Ela me frustrou durante toda a manhã. Fez-me sentir incapaz com todas aquelas críticas e cobranças. Pôs defeito no meu vestido, no meu trabalho de bioquímica, na minha maquiagem e em tudo que pôde. Mas preparou o café, como se isso apagasse as brigas matinais.

Pôs a mesa e deu aquele mesmo sorriso de quando nos encontramos pela primeira vez. Depois de 3 anos, eu não conseguia entender como ainda podia causar um efeito tão devastador em mim. Contive-me. Seria necessário bem mais que um sorriso para me fazer esquecer os duros comentários daquela manhã. Meu orgulho se encarregaria bem disso.

Comemos. Recusei o beijo que ela tentou me dar, e parti rumo à faculdade. Mais uma vez meu orgulho manteve minha pose de irritada.

Já era tarde. Hora de retornar. Entrei. A casa estava escura, exceto por uma fresta de luz que saía de nosso quarto. Então, abri a porta.

O quarto estava à luz de velas aromatizadas. Ela sabia meu aroma preferido e resolveu explorar. Uma idéia muito boa, por sinal. Bem no meio de toda aquela luz, estava ela. Em pé, nua em pêlo. Cabelos soltos, olhar sedutor.

Parei a observar quão perfeita ela era sob toda aquela luz e nenhuma roupa.

Ela começou a deslizar sua mão pelo corpo. A cada centímetro acariciado, tornava-se mais difícil manter o orgulho. Então, ela veio andando até mim, pegou minha mão e a pousou sobre sua nuca. Começou a abrir os botões da minha camisa e acariciar meus seios.

Meus instintos se tornaram muito fortes para que meu orgulho conseguisse detê-los. Senti-me como se essa fosse a primeira vez que a via nua. Cedi, peguei-a no colo e a levei para a cama.

Não importa o que acontecesse, ela sempre sabia me fazer esquecer da raiva. Não importa o quão forte meu orgulho fosse, ela sempre conseguia transformá-lo em desejo.

Talvez esse seja o verdadeiro amor.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Eucalipto.


Ao sentir o cheiro de eucalipto, a imagem dela se tornou nítida em sua mente. Sempre assim.

A simples lembrança do seu sorriso e da paz que ela transmitia, traziam paz e harmonia. Seu cabelo esvoaçante contra o vento, sua silhueta contra a luz e o calor reconfortante dos seus braços.

Ela sempre seria lembrada e sua ausência seria sempre dolorosa.

Mães deviam ser eternas. Ou ao menos, tão duradouras quanto eucaliptos.

Intrínseco.



Entre suas entranhas, a dor. Laceral, patológica, latente. Profunda e cruel solidão.

Sob a máscara diária da felicidade, reinava um vazio que há muito não suportava esconder. Fingir doía mais do que isolar-se.

Então, ela o fez. Despiu-se da fantasia, procurou por um canto vazio e encontrou a solidão que tanto a afligia.

Começou a escrever páginas tolas e banais.

Palavras estas que vos escrevo.

Solidão esta que vos reporto.

Olhos Vítreos.


Era fim de setembro. A estrada parecia encontrar-se no infinito.

Com a cabeça encostada na janela, Carla observava a estrada vazia. No meio de toda a solidão, a imagem de uma menina se formou. Parecia estar à espera de algo. Ou alguém. Babados do seu vestido branco esvoaçavam com o vento.

Kilômetros à frente, a imagem tornou-se nítida: cabelos longos, ondulados e levemente acobreados. Contrastante com seu cabelo, sua pele. Muito pálida e aparentemente tão fria quanto seus olhos azuis.

Por uma fração de segundos, as duas se encararam e a menina revelou-se toda em apenas um olhar.

Ela era uma incógnita, um vazio a ser preenchido.

Foi suficiente para que Carla a reconhece. Aquela menina era ela, a espera de algo que preenchesse o seu vazio interior. Abandonada diante da grande e infinita estrada do destino, no qual só se via solidão.

Um som estridente ecoou por seus ouvidos.

Hora de acordar.

Hedonismo pueril.


Sua mão fria percorria com calma e sensibilidade o corpo da menina. Sua boca ardente explorava aquele delicado pescoço. As pernas se entrelaçavam e roçavam uma na outra. Seus cabelos grudavam no próprio suor. Pele, mãos, boca. Hormônios à flor da pele.

Transaram. Não uma, mas duas vezes. corações acelerados, dedilhadamente dissonantes.

Ao nascer do sol, ela se levantou, vestiu suas roupas o mais rápido que pôde e bateu a porta levemente ao sair.

Haviam se conhecido na noite anterior, não pretendiam nada além de uma transa casual. Por breves momentos foram um só.

Pra sempre seriam dois.

Sobre os relacionamentos.


Pensemos nas pessoas: você se apega, cria sentimentos por elas, e sempre sofre com isso. Seja por abandono, seja por desentendimentos, seja por distância ou por qualquer outro fator.

Vinícius afirmava que o amor é uma chama. Metaforicamente, como uma vela, a durabilidade é inversamente proporcional à intensidade. Quanto mais luminosa for, mais rápido se extinguirá. Cruel? Não. Real. Relacionamentos têm prazo de validade. Mas o que não tem validade, se a própria vida já a possui?


“Que eu possa lhe dizer do amor que tive:
Que não seja imortal, posto que é chama,
Mas que seja infinito enquanto dure”
Vinícius de Moraes


“A eternidade é o estado das coisas nesse momento.”
Clarice Lispector.