Pense, Fale, Exponha-se. Permita-se o prazer de ser autêntico.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Conto intitulado.

Uma da manhã, 13 de dezembro de 2008. Ela sentou ao seu lado e perguntou o motivo dele ter se afastado de todos. Estavam numa festa, mas enquanto seus amigos se divertiam sacudindo seus corpos freneticamente ao som de algum novo ritmo, eles estavam sentados na grama, onde a música era só um zumbido.

- eu só fico pensando... o que será depois?
- depois do quê?
- depois daqui.
- bom, nós voltaremos pra casa e segunda de manhã pra escola. você tá com algum pressentimento ruim?
- não, tosca. estou dizendo depois que a escola acabar. quer dizer, você vai fazer direito, e eu vou fazer engenharia. mas isso não é o que me aflinge, o que me aflinge é saber que eu vou ter de me mudar por causa da faculdade, e você vai continuar aqui.
- sim, vou. sim, você vai estar longe. mas NÃO, não vamos terminar, nós vamos continuar juntos! você se importa em não me ver com tanta frequência como atualmente?
- é claro que eu me importo, mas me importo mais ainda em perder você. eu não sei qual rumo minha vida teria tomado sem você, você é bem mais pra mim do que pode imaginar, a única pessoa com a qual eu realmente me importo, digo o que sinto e, mais ainda, me permito sentir alguma coisa. - Ela não sabia o que tinha de tão especial, mas, sem dúvida, se sentia feliz por possuir.
- você também mudou muito a forma como eu via a vida, não consigo me imaginar sem você.
- eu também. por isso voltarei todos os finais de semana, e ligarei todos os dias. não posso perder você. - Deitou na grama fria, logo em seguida acompanhado por ela, que segurou sua mão.

Estar aqui com você é muito melhor do que estar lá dentro, ela disse. Aquelas músicas são horríveis, ele disse. "é, eu sei.". ela se aproximou, beijou-o de leve na face e apoiou sua cabeça sobre o peito dele. então, com a outra mão, ele a abraçou. a mão direita ainda possuia a dela - tão pequenininha e envolvida dentro da sua, tão bruta e calejada. e assim ficaram até amanhecer e ser a hora de voltar pra casa.

- até segunda, ela disse.
- até segunda, eu amo você.

ela não disse eu também, não precisava, ele sabia. ela apenas sorriu de volta, conseguia sentir a felicidade inundando não apenas os olhos dele, mas os dela também.

Hoje, 2 anos depois, eles não se falam mais. Ainda amam um ao outro, talvez até mais do que antes. Mas uma briga estragou tudo. Culpa dela, sempre dela. Ela sabia exatamente o que dizer para machucá-lo, ela a única pessoa a qual ele permitiu se expôr. Ela lançou palavras com tanta brutalidade, que ele nunca mais se permitiria confiar e se expôr à alguém. Enquanto tudo que ele fez foi ouvir, ela fez ao coração de ambos uma perda irrecuperável.

Tentou reparar o dano depois, mas palavras, uma vez ditas, não podem ser 'desditas'. Então, resolveu dar um tempo à ele, depois de um ano, ligou. "oi", ele disse. Então ela tentou ser tão bem humorada quanto antes, mas tudo que ele dizia era o mais monossilábico possível.

- como tá a faculdade?
- bem.
- tá namorando?
- não.
- ah, claro. só quem é capaz de te aturar sou eu não é? (risos)
Tudo que se ouviu sou silêncio do outro lado.
- ainda dói, não é?
Silêncio quebrado, ele havia desligado. Resolveu ligar de novo.

- não te ensinaram que desligar na cara dos outros é falta de educação? - Riu, enquanto segurava suas lágrimas, sabia que estava realmente tudo acabado, não havia mais volta.
- eu não sou educado.
- eu sei disso.
Silêncio.
- você quer que eu não te ligue nunca mais, não é?
- quero.

Fone no gancho. Lágrimas escorrendo, nada jamais seria igual.

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