
Era fim de setembro. A estrada parecia encontrar-se no infinito.
Com a cabeça encostada na janela, Carla observava a estrada vazia. No meio de toda a solidão, a imagem de uma menina se formou. Parecia estar à espera de algo. Ou alguém. Babados do seu vestido branco esvoaçavam com o vento.
Kilômetros à frente, a imagem tornou-se nítida: cabelos longos, ondulados e levemente acobreados. Contrastante com seu cabelo, sua pele. Muito pálida e aparentemente tão fria quanto seus olhos azuis.
Por uma fração de segundos, as duas se encararam e a menina revelou-se toda em apenas um olhar.
Ela era uma incógnita, um vazio a ser preenchido.
Foi suficiente para que Carla a reconhece. Aquela menina era ela, a espera de algo que preenchesse o seu vazio interior. Abandonada diante da grande e infinita estrada do destino, no qual só se via solidão.
Um som estridente ecoou por seus ouvidos.
Hora de acordar.
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